quinta-feira, 29 de setembro de 2011

SOBRE A REUNIÃO COM O SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO (ponto de vista pós-moderno)

Assisti a uma palestra do secretário da educação Tiago Peixoto, fui entusiasmado a fim de ter a chance de ouvir do próprio uma explicação plausível para as atuais medidas na educação em Goiás, assim que o discurso começou toda a empolgação se desfez.
Primeiro entra a fala da subsecretaria da nossa região, que declarou total apoio ao grandíssimo secretario, em seguida a representante do SINTEGO (Sindicato dos Trabalhadores de Educação em Goiás) inicia se explicando, dizendo que não é contra o novo plano de governo, mas que luta pela valorização do professor, principalmente no âmbito salarial, isto se tornou inflamável aos ouvintes, por ultimo falou o braço direito do secretario, uma espécie de vice secretario (alguém que poderia estar na posição de secretario, mas não está por motivos políticos, pelo menos penso eu assim), ele usa uma jogada muito inteligente, comove as pessoas falando de inclusão, a mesma que ninguém ate hoje entendeu como funciona, ou se funciona. Sinceramente, como professor atuante, vi mais discórdia do que concordâncias no mundo escolar sobre esse assunto. Em fim entra o Senhor Secretario, de inicio ele pede nossa atenção para um vídeo que será mostrado num aparelho data show (o recurso digital não funciona direito e é interrompido), pode parecer engraçado, mas isso é exatamente o papel da tecnologia na escola, ou seja, se torna um recurso muitas vezes banal, às vezes por mau uso, mas na maioria das vezes porque o aluno não está preparado pra tal, dar esse recurso na mão da criança é uma espécie de puberdade antecipada, um gasto desnecessário (pensamento que não condiz com o do secretario, pois o seu é investir na compra de netbooks para os alunos ao invés de capacitação para os mesmos). Quando a palestra foi retomada o secretario expos o nome do seu novo plano para educação, “Pacto pela Educação”, que tragédia! Primeiro que a palavra pacto historicamente já fala por si só, ou seja, o pacto só é bom para um dos lados do acordo, se fosse bom pra todo mundo não seria necessário fazer pacto, todos trabalhariam por interesse próprio, ou será que o Brasil teve o mesmo ganho que Portugal quando aqui foi imposto o pacto colonial. Logo notei que para o Secretario o problema na educação é econômico, é como se os antigos responsáveis pela educação tivessem rapado a rodo todo o dinheiro (não digo nem que sim nem que não, só acho que esse não é o problema), mas isso já era esperado, afinal ele é economista, sendo assim o seu primeiro impulso é diagnosticar prováveis problemas financeiros.
Lembra quando eu disse que a representante do SINTEGO havia inflamado os professores citando a valorização, pois é, providencial ou não essa era a deixa que o “plano de educação” do secretario precisava, todas as suas 25 partes são incansáveis repetições, ou fala de infra-estrutura ou fala de valorização do professor, em especial valorização salarial através do seu esforço (como se já não nos esforçássemos), pura meritocracia. Isso fez com que todos desistissem de se posicionar contra o plano.
O que me deixa confuso em relação à meritocracia é que nós professores estamos sendo avaliados através desse sistema, mas os alunos estão cada vez mais sendo avaliados de forma extremamente liberal, o aluno que faz todos seus afazeres tem o mesmo valor do que não faz (e não falo aqui de valores humanos), hipocrisia dizer o contrário, mas se alguém ainda duvida, é só antenar os ouvidos para os alunos, por isso fico na dúvida se ainda podemos usar o termo: “educar um aluno”, pois ta mais viável usar o termo: “Subsidiar uma mercadoria”, toda essa subvenção vai acabar desmotivando o bom aluno.

Não que eu seja contra ganhar um salário melhor, a questão é que a maioria dos professores parecem mais hienas famintas por dinheiro do que agentes educacionais que se preocupam com as crianças. Representar às crianças deveria ser nossa prioridade. O fator mais preocupante que é o futuro da educação como formação social do aluno foi deixado de lado, afinal no campo educacional onde se encaixam as teses dos teóricos da educação não houve nenhuma inovação, Tiago Peixoto seguirá usando os métodos de avaliação que o país usa, ele até tem um novo método para o estado de Goiás, mas que no fim será mais do mesmo. Mas afinal o quero dizer com isso? O Chile é a excelência na America do sul no ramo da educação, até por isso o país é nossa inspiração, eles já fazem esses testes (idebs da vida) há 25 anos, e o resultado foi à constatação que isso não melhora em nada a educação, então porque nós teremos que errar por 25 anos também, ao invés de tomá-los como exemplo mais uma vez (matéria da revista nova escola, mês de setembro). Dar nota a um aluno, inúmeras chances, ou qualquer coisa desse tipo, só ajuda o país a se tornar uma nação de primeiro mundo quando relacionado com a UNESCO e todas essas taxas nas quais estão inclusa a taxa de analfabetismo, mas na questão social o país continua prejudicado, pois estaremos formando pessoas mal preparadas em todos os gêneros, tanto no conhecimento como conteúdo, quanto no educacional para a vida, estaremos contribuindo para a formação de pessoas acomodadas, preguiçosas, que terão no seu intimo a certeza de que na vida não precisa se esforçar, pois sempre haverá alguém para projetá-lo à frente.
No fim ele terminou dizendo que tinha sido um ótimo debate (acho que fiquei perdido nessa hora, pois não me vi nessa luta), e convidou a todos para que se juntassem numa sala, para fazer grupos e debater “possíveis” métodos para melhorar o plano de educação, nessa hora tirei o chapéu, realmente ele é muito bom na arte da persuasão, ou seja, ele fez com que todos participassem, ou pelo menos pensassem que estavam participando, desta maneira fica mais difícil criticar, pois não temos a decência de criticar ações das quais nós nos envolvemos.
Sei que textos deste tipo causam revolta nos leitores e, uma revolta bem maior em relação ao escritor, quando se comparada à revolta refletida através do acusado. Afinal falar mal de um professor que quer seu piso salário funcionando não está na moda. A questão é que daqui a alguns anos esses alunos terão o direito de chegar o dedo na nossa cara e dizer que somos a razão da “merda” que eles se tornaram, e farão isso com direito, pois estamos fechando os olhos pra tudo, em troca de um salário que nem temos.
Assisti a uma palestra muito interessante uma vez na qual o palestrante dizia que o maior erro do professor é dizer: “No meu tempo as coisas eram diferentes”, segundo ele somos seres temporais, isso significa que hoje é o nosso tempo porque estamos vivendo o presente, e o futuro será o nosso tempo porque poderemos vivê-lo, e nesse futuro, o gestor social que será construtor da sociedade é o mesmo aluno que hoje faz parte da nossa gestão social, ou seja, um aluno que na maioria das vezes não é capaz. O que fico a me perguntar é, se nesse futuro caótico ainda existirá quem diga: “No meu tempo...”.
“Para o professor ser bem remunerado, a sociedade precisa mudar, ou seja, precisam ter a necessidade de serem educados, só assim a educação será valorizada e consecutivamente os educadores também. Nós temos a ferramenta necessária para mudar a sociedade, “o conhecimento”. Haullen Faria Lima

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